domingo, 24 de outubro de 2010

Noventa por cento do risco de sofrer AVC pode ser atribuido a apenas 10 fatores de risco

Dez fatores de risco modificáveis podem responder por 90% do risco de AVC. Destes, o mais importante em todos os subtipos de AVC é a hipertensão, que é um fator de risco especialmente perigoso para hemorragias intracranianas. Muitos fatores de risco são os mesmos das doenças cardíacas, mas sua importância relativa é diferente, e alguns são aparentemente mais importantes do que se pensava anteriormente. 
      Os resultados do estudo, conhecido como INTERSTROKE, foram apresentados no Congresso Mundial de Cardiologia este ano e publicados no Lancet. Assim como no estudo previamente publicado INTERHEART, sobre doença coronariana, que identificou nove fatores de risco modificáveis que respondiam por 90% do risco de desenvolver a doença, este estudo demonstrou que muitos casos de AVC podem ser prevenidos com medidas relativamente simples, como o controle da pressão arterial, que não depende de equipamentos ou exames de alto custo e pode ser feito com medicamentos baratos e de fácil obtenção, como os genéricos.
 O estudo INTERSTROKE envolveu, num desenho do tipo caso-controle, 3.000 pacientes com o primeiro episódio de AVc agudo e 3.000 controles em 22 países, sendo que 81% destes pacientes eram originados do Sudeste da Ásia, Índia, ou África. De modo geral, ter diagnóstico prévio de hipertensão foi associado a um aumento de 2,5 vezes do risco de AVC.
      Juntamente com a hipertensão, tabagismo, obesidade abdominal, dieta e atividade física responderam por 80% do risco global de AVC, explicando 80% do risco de AVC isquêmico e 90% do risco de AVC hemorrágico. Quando foram incluídos ao modelo fatores de risco adicionais como diabetes mellitus, ingesta de álcool, fatores psicossociais, a relação entre apolipoproteína B/A1, e causas cardíacas (IAM prévio, valvulopatia ou flutter/fibrilação atrial), estes 10 fatores de risco responderam por 90% do risco de AVC. Chama a atenção o fato de não ter sido encontrada até hoje em estudos epidemiológicos uma associação consistente entre os níveis de colesterol total e não-HDL e AVC. 
       A "moral da história" deste estudo é que devemos fazer "tudo que as nossas mães nos recomendam": perder peso, parar de fumar, comer bem e fazer exercícios, e, principalmente, controlar à risca a pressão arterial.



Referências:
- O'Donnell MJ et al. Risk factors for ischemic and intracerebral haemorrhagic stroke in 22 countries (the INTERSTROKE study): a case-controle study. Lancet 2010; 376(9735):112-123. http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(10)60834-3/fulltext?_eventId=login
- Tu JV. Reducing the global burden of stroke: INTERSTROKE. Lancet 2010; 376(9735): 74-75.



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