De acordo com um estudo publicado no JAMA, pacientes com AVC randomizados para receber uma dose baixa (10 a 20 mg/dia) de escitalopram diariamente durante um ano tiveram probabilidade significativamente menor de sofrerem com depressão do que os pacientes tomando placebo ou submetidos a terapia focada na resolução de problemas.
Varios estudos já haviam demonstrado anteriormente que é grande a incidencia de depressão pós-AVC, chegando a afetar mais de um 1/3 dos pacientes um ano após o evento. Um estudo publicado em 1993 no American Journal of Psychiatry relatou que, após ajustar para outras variáveis, pacientes com depressão aguda pós-AVC tinham um risco significativamente aumentado de morte nos dez anos seguintes; outro estudo publicado na revista Stroke em 2001,
confirmou que o risco de morte em 2 anos era praticamente o dobro nos pacientes com depressão. Outro estudo, de 2003, também do American Journal of Psychiatry, relatou uma redução do risco de morte à metade nos pacientes tratados com fluoxetina ou nortriptilina durante 12 semanas nos primeiros 6 meses após AVC. O autor deste artigo relacionou as mortes ao efeito da depressão sobre o coração -a redução da variabilidade da frequencia cardíaca tornaria mais provável o surgimento de arritmias. Ainda em 2003, um artigo publicado na revista Science fez a hipótese de que os antidepressivos têm um papel na plasticidade neuronal; entretanto, segundo um dos autores do artigo do JAMA, o aumento dos níveis de serotonina, dopamina, e acetilcolina no cérebro podem ter benefícios adicionais, atuando em células da glia, como oligodendócitos e astrócitos, que auxiliam nos processos de reparo das células.
Lembrando um outro artigo de referencia, publicado no Annals of Internal Medicine em 2002 pela Força Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA, só precisamos fazer duas perguntas aos pacientes para diagnosticar depressão pós-AVC:
1) Nas últimas duas semanas, você se sentiu para baixo, deprimido ou sem esperança?
2) Nas últimas duas semanas, você sentiu pouco interesse ou prazer nas suas atividades?
e levando em consideração que o escitalopram é geralmente bem tolerado e tem rápido início de ação, vale a pena fazer uma triagem para depressão nos nossos pacientes com AVC, e, dependendo do resultado, ser mais liberais na prescrição de antidepressivos nestes casos, enquanto aguardamos a comprovação destes achados com estudos adicionais.
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