quarta-feira, 22 de abril de 2009

Estudo comparando antidepressivos favorece tricíclicos para depressão na doença de Parkinson

Cerca de 50% dos pacientes com doença de Parkinson são afetados eventualmente pela depressão, um sintoma que pode ser para muitos mais incapacitante do que a doença de base em si. O tratamento, entretanto, baseava-se mas na experiencia clínica e nos fármacos mais utilizados no momento, e não exatamente em estudos controlados, duplo-cego, comparando medicamentos. Entretanto, foi agora publicado na Neurology um estudo comparando a nortriptilina com a paroxetina, com resultados favoráveis à primeira.
Neste estudo, foram acompanhados durante 8 semanas 52 pacientes com doença de Parkinson que preenchiam os critérios para depressão ou distimia. Os pacientes foram randomizados para tomar paroxetina CR (dose inicial 12,5 mg/d, podendo aumentar até 37,5 mg/d) ou nortriptilina (25 a 75 mg/d);

os pacientes eram vistos após 2, 4, e 8 semanas, podendo ser feitos ajustes de doses nas visitas ou entre elas, caso necessário devido a efeitos colaterais. Em cada visita, os pacientes eram avalidos usando escalas para depressão, incluindo a escala de Hamilton (HAM-D). Ao final do estudo, os pacientes usando nortriptilina tinham apresentado uma queda de 10 pontos no escore da HAM-D, em média, comparados a 6 pontos no grupo da paroxetina. De acordo com os critérios de definição de resposta positiva utilizados no estudo (melhora de pelo menos 50% nos escores HAM-D), 53% dos pacientes usando nortriptilina responderam, comparados a 24% do grupo placebo e 11% dos que usaram paroxetina(!) Os usuários da nortriptilina ainda apresentaram melhora da insônia e ansiedade comparados aos outros gois grupos. Nenhum grupo apresentou variação na UPDRS (United Parkinson's Disease Rating Scale) nem em outras aferições neuropsicológicas, e o grupo da paroxetina apresentou mais efeitos colaterais (incluindo constipação, xerostomia, e tonteira) do que o grupo da nortriptilina.
Os autores de um editorial que acompanha o artigo fazem algumas ressalvas: trata-se de um estudo pequeno (52 pacientes), de curta duração (apenas 8 semanas), o que poderia limitar o valor da observação, visto que a paroxetina pode apresentar resposta apenas em 12 semanas. Os tricíclicos podem ainda alargar o intervalo QT, com possíveis consequencias para pacientes com problemas cardíacos. Ainda assim, e levando em conta o custo baixo da nortriptilina e boa disponibilidade em nosso meio, vale a pena considerar a utilização deste medicamento.

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