quinta-feira, 17 de junho de 2010

Genotipagem para warfarin pode reduzir hospitalizações

From Neuroblog
A genotipagem para warfarin pode reduzir as hospitalizações, de acordo com um estudo prospectivo avaliando a relação custo-efetividade da testagem genética para warfarin nos EUA.      Os pacientes que foram submetidos à testagem genética pra o gene do metabolismo do warfarin CYP2C9 e o gene ativador da coagulação sanguinea pela vitamina K VKORC1 apresentaram 31% menos hospitalizações no total quando comparados aos controles históricos, uma diferença significativa. A genotipagem para warfarin também reduziu o risco de hospitalização devido a hemorragias e tromboembolismo em 28%. 

     O protocolo do estudo, apresentado no congresso anual do American College of Cardiology e publicado eletronicamente em março deste ano, avaliou 896 pacientes em 49 estados dos EUA com 40 a 75 anos de idade que eram membros de um seguro saúde e que estavam iniciando o tratamento ambulatorial com warfarin a longo prazo. Logo após o início do tratamento, os pacientes forneciam uma amostra de sangue ou swab bucal para genotipagem em um laboratório central. As amostras eram analisadas quanto à expressão genética de CYP2C9  e VKORC1, relacionados a enzimas que participam da metabolização do warfarin. Polimorfismos nestas enzimas podem sinalizar a necessidade de doses mais altas ou mais baixas deste fármaco. Os clínicos então recebiam os resultados e recomendações quanto à dosagem do warfarin e frequencia de monitorização, com a opção de seguir ou não estas recomendações.
      Como já descrito acima, houve uma redução tanto no total de hospitalizações quanto nas hospitalizações atribuídas a complicações do tratamento; além disso, a análise das prescrições nas 3 semanas que se seguiram à genotipagem mostraram que aparentemente os clínicos estavam realmente agindo de acordo com as recomendações. Mais ainda, 75% dos clínicos decidiram adotar o teste.
     Alguns problemas foram a demora para receber os resultados (tipicamente entre 11 e 60 dias após o início do tratamento), e o custo (em torno de US$200 a 400). A opinião geral foi de que estes custos podem facilmente ser compensados pela adequação da monitorização e redução do número de hospitalizações. 
     Não temos informações sobre laboratórios que já estejam fazendo esta genotipagem no Brasil. Mas, como qualquer pessoa que tenha que acompanhar pacientes usando warfarin no nosso meio, sempre lidando com inúmeras dificuldades, acho que qualquer novidade que facilite o tratamento, possibilite o melhor gerenciamento dos poucos recursos disponíveis e faça com que o acompanhamento destes pacientes seja mais cuidadoso é sempre bem vinda. 


Referências:

Epstein RS, Moyer TO, Teagarden JR, et al. Warfarin genotyping reduces hospitalization rates: Results from the MM-WES (Medco-Mayo Warfarin Effectiveness Study). J Am Coll Cardiol 2010; 55:2804-2812, doi:10.1016/j.jacc.2010.03.009


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